Em seu projeto
inicial, o documentário dirigido por Angus Aynsley, iria retratar a vida e a
visão artística de Vicente Muniz (Vik Muniz), artista plástico brasileiro que
tem como objeto de produção de suas obras de arte materiais e locais
inusitados, e se destacou no cenário artístico mundial por sua obra Sugar
Children (Crianças do Açúcar), copiando fotos tiradas por ele mesmo, de
crianças filhas de trabalhadores dos canaviais de St. Kitts.
Inicialmente a
proposta era “transformar lixo em arte”, mas com o decorrer do documentário,
Vik adota as causas da ACAMJG (Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano
do Jardim Gramacho), Duque de Caxias-RJ, inserindo os mesmos em suas obras de
arte e revertendo a renda obtida com seu projeto para a melhoria das condições
de trabalho dos seus membros.
Ao longo do
projeto são relatados e fotografados fatos do cotidiano dos trabalhadores do
aterro, e através do contato direto com eles que se da o real envolvimento do
artista plástico com a causa da Associação. O filme, inicialmente, gira em torno
da busca de Vik por novas formas de se produzir sua arte, mas o cotidiano dos
catadores de lixo, suas lutas e dificuldades, tanto de vida quanto de trabalho,
acabam se tornando o eixo central do documentário.
É importante
ressaltar o carisma dos trabalhadores do aterro sanitário Jardim Gramacho onde,
através de depoimentos apresentados pelos envolvidos que demonstram o
sentimento de satisfação, e de certo “bem estar” com o trabalho realizado.
Entre os
trabalhadores se destacam Sebastião dos Santos, o jovem presidente da “ACAMJG”,
que utilizando de leituras politicas (é citado “O Príncipe”, de Maquiavel)
busca, em junto aos colegas de profissão, melhorar a qualidade de vida, e de
trabalho, no Jardim Camacho, e Suelen Dias, que com dezoito anos tem dois
filhos, e se diz orgulhosa por ter um trabalho digno para sustenta-los.
Ambos foram
protagonistas de algumas das obras de arte realizadas por Vik Muniz ao longo
das filmagens, que resultaram na arrecadação de recursos para o Jardim Gamacho.
O documentário
“Waste Land” (que no Brasil foi lançado como “Lixo Extraordinário”) pode ser
entendido não só como um exemplo de preservação ambiental promovido pelos
catadores de materiais recicláveis, ou produção artística de um dos maiores
nomes desse meio da atualidade, mas também como lição de vida.
Em busca de
explorar novas formas de arte Muniz e Aynsley desenvolvem uma obra fascinante,
que faz jus aos prêmios que recebeu. Um documentário fantástico, importantíssimo
para a construção de uma nova visão com relação ao lixo, a reciclagem, e a
arte.
Autor:
Rodrigo Bastos
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