Nós somos resultado
de um desenvolvimento e processo histórico, e assim somos capazes de
transformar nossos pensamentos e atitudes com o passar do tempo, por meio das
experiências com outras pessoas e problemas sociais. Dessa forma, nos
diferenciamos um dos outros e somente somos capazes de nos compreender se nos
encontrarmos inseridos numa prática social, pois esta está introduzida em um
contexto histórico-social.
Pertencemos a
uma cultura que herdamos de nossos ascendentes e cada geração pode determinar planos
de mudança para ela. Com a história da educação não é diferente: procuramos
entender como a cultura era transmitida pelos povos e a criação de escolas e as
teorias que as guiavam. Portanto, o educador precisa ser crítico e cônscio para
que possa compreender sua representação, agindo de forma intencional e não
intuitiva.
A história
surgiu da necessidade de reconstruir o passado por meio da narração de
acontecimentos decorrentes das ações dos indivíduos no tempo, da seleção e
composição dos fatos e, para isso, há diferentes métodos. Para os povos
tribais, privilegiar os acontecimentos passados é uma forma de voltar às
origens dos tempos sagrados, em que os deuses realizavam ações excepcionais,
recontando os mitos.
A descrição oral
surge na proporção da evolução das comunidades, registrando os acontecimentos
dos antepassados humanos pela subordinação dos deuses. Temos como exemplo as
obras atribuídas a Homero, Ilíada e Odisseia, em que o herói encontra-se protegido
por um deus, e este intervém divinamente nas ações do protagonista.
Com o surgimento
da filosofia no século VI a.C. na colônia grega de Jônia, o pensamento
religioso dos mitos é rejeitado, valorizando a forma reflexiva de pensar, o que
permite uma diversidade de interpretações racionais sobre a realidade.
Heródoto, historiador
grego, procurou relatar os fatos para que os acontecimentos relevantes e
gloriosos pudessem se tornar inesquecíveis. Naquela época o termo historiê significava investigação. Logo,
apresenta no livro “Historias”, as conclusões de suas investigações. Dessa
forma, Heródoto é chamado de “Pai da História”.
Mesmo com o
surgimento da história na Antiguidade e na Idade Média, prevaleceu o ponto de
vista platônico-aristotélico de um mundo estático e não assegurava à historia
status de ciência, assim considerada uma perspectiva menos de retórica e sem
rigor.
A história
também foi compreendida como um movimento cíclico, que Políbio tomou-a como
embasamento para explicar a ascensão, a decadência e a restauração dos
movimentos políticos.
Com as mudanças
ocorridas no século XVII a história toma um novo rumo, alicerçada no Iluminismo
do século XVIII. Época marcada pelas revoltas burguesas e a Revolução
Industrial. Nesse cenário, a história passa a ser descrita linearmente,
relatando os acontecimentos no tempo pelas relações de causa e efeito e os
historiadores desenvolveram a noção de “progresso” analisando o “aperfeiçoamento
da humanidade”.
Augusto Comte
principia a corrente positivista, trabalhando a ideia de progresso de forma que
o espírito humano passa por estados históricos consecutivos e distintos até
atingir o “estado positivo”, caracterizado pela competência cientifica.
Inspirados nessa
corrente, historiadores defendem que os fatos históricos devem ser realizados
por meio de métodos científicos para que se admitam rigorosas críticas aos
documentos. Hegel considera a história como proveniente da “contradição
dialética” em que há uma tese (afirmação), uma antítese (negação da tese) e a
síntese (superação entre e tese e a antítese).
Para Marx, a
história deve ser averiguada pela sua infraestrutura (fatores matérias,
técnicos, econômicos) e da luta das classes. O movimento histórico deve ser
compreendido pela maneira em que os indivíduos geram os bens matérias que
necessitam e, dessa forma depreender o conflito de interesses adversos na
sociedade.
No plano da
educação, Marx a analisa pelo prisma da classe dominante, o que justifica a
exclusão das classes não privilegiadas. Dessa forma a história é constituída da
compreensão realizada com embasamento nos interesses e valores das classes que ocupavam
o poder. No final do século XIX, teorias que se opõem ao Positivismo surgiram e
o processo de “progresso” sofre críticas. O acontecimento histórico passa a ser
elaborado desde os pressupostos que encaminham sua seleção até a escolha do
método.
Escola dos
Anais, um movimento surgido em 1929, contava com a participação de variadas
gerações de historiadores que buscavam uma ligação entre a história e as
ciências sociais e psicológicas, aumentando o plano de investigação histórica e
possibilitando um debate produtivo para reestruturar os estudos
historiográficos. Essa tendência privilegiou temas antropológicos, como as
formas antigas de vida e atos coletivos.
Eric Hobsbawm e
Thompson renovaram o processo marxista, inserindo outras perspectivas culturais
do cotidiano, que auxiliam a assimilação da construção da consciência de
classe.
Com o
pós-modernismo, métodos anteriores passam a ser criticados e atualmente esses
debates continuam. Isso nos conduz a questionar como o historiador analisa os
fatos e o motivo pelo qual na escolha desses fatos há suposições teóricas.
Portanto, devemos nos atentar, defronte a um livro de história, para a pluralidade
dos métodos, compreendendo-os como esforços para... Os meios da investigação
rigorosa e levar em consideração a origem epistemológica que o historiador se
baseia, para entendermos as fontes consultadas e analisarmos criticamente.
O fenômeno
educacional se desenvolve com o tempo e faz parte da história, sendo tratado de
forma cientifica. Assim, não deve ser considerado apenas como uma disciplina-História
da educação. As crises da educação estão relacionadas com as crises do sistema
social em um dado contexto histórico e ao estudar a educação e suas teorias não
devemos entender essa simultaneidade como simplesmente questões paralelas. A
educação está envolvida na política e sofre as consequências do poder.
O interesse
exclusivo e sistemático dado a historia da educação começa no século XIX, sendo
um trabalho recente e com as mesmas dificuldades metodológicas da história
geral. A história da pedagogia era mais conhecida que as práticas educacionais.
No Brasil, por não haver profissionais relevantes nessa área e serem recentes
cursos específicos de educação até a pouco tempo, encontramos várias lacunas
nesse campo, já que com o surgimento das escolas, a disciplina da história da
educação não fazia parte do currículo e a preocupação estava concentrada nas
disciplinas de cultura geral.
Segundo Casemiro
dos Reis Filho, a história da educação brasileira poderá ser constituída a
partir de realização de estudos aptos a aprofundar o conhecimento da realidade
educacional. A história da educação passa a fazer parte do currículo dos cursos
de magistério a partir de 1930. A disciplina esteve por muito tempo entrelaçada
à filosofia da educação, não atribuindo-lhe status de ciência Mesmo com a implantação
de faculdades da educação o tempo destinado a esta disciplina não era
suficiente para que os alunos se ocupassem dela.
Com a ditadura
militar, as escolas e os centros de pesquisa foram fechados. Contudo com a
reforma universitária foram criados curso de pós-graduação que resultou na
elaboração de teses, entre elas as educacionais. A criação de congressos
nacionais e centros regionais possibilitaram a produção científica com o apoio
do mercado editorial, preparado a publicar teses e pronunciamentos.
A história da
educação têm duas funções: de docência,
empregando-a como disciplina de um curso, e a de pesquisa, aplicando-a como atividade científica que busca inferir
nas fontes, a fim de descobrir mais do nosso passado e presente. Essas funções
devem influenciar a cultura educacional, atuando criticamente.
Autores:
Rafaela Angeloni
Rodrigo Bastos
Thaminne Coutinho
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História
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LUZIRIAGA, Lorenzo. História da
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XAVIER, M.E.; RIBEIRO, M.L.;
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