segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

RESENHA: Breve introdução a História da Educação.


Nós somos resultado de um desenvolvimento e processo histórico, e assim somos capazes de transformar nossos pensamentos e atitudes com o passar do tempo, por meio das experiências com outras pessoas e problemas sociais. Dessa forma, nos diferenciamos um dos outros e somente somos capazes de nos compreender se nos encontrarmos inseridos numa prática social, pois esta está introduzida em um contexto histórico-social.
Pertencemos a uma cultura que herdamos de nossos ascendentes e cada geração pode determinar planos de mudança para ela. Com a história da educação não é diferente: procuramos entender como a cultura era transmitida pelos povos e a criação de escolas e as teorias que as guiavam. Portanto, o educador precisa ser crítico e cônscio para que possa compreender sua representação, agindo de forma intencional e não intuitiva.
A história surgiu da necessidade de reconstruir o passado por meio da narração de acontecimentos decorrentes das ações dos indivíduos no tempo, da seleção e composição dos fatos e, para isso, há diferentes métodos. Para os povos tribais, privilegiar os acontecimentos passados é uma forma de voltar às origens dos tempos sagrados, em que os deuses realizavam ações excepcionais, recontando os mitos.
A descrição oral surge na proporção da evolução das comunidades, registrando os acontecimentos dos antepassados humanos pela subordinação dos deuses. Temos como exemplo as obras atribuídas a Homero, Ilíada e Odisseia, em que o herói encontra-se protegido por um deus, e este intervém divinamente nas ações do protagonista.
Com o surgimento da filosofia no século VI a.C. na colônia grega de Jônia, o pensamento religioso dos mitos é rejeitado, valorizando a forma reflexiva de pensar, o que permite uma diversidade de interpretações racionais sobre a realidade.
Heródoto, historiador grego, procurou relatar os fatos para que os acontecimentos relevantes e gloriosos pudessem se tornar inesquecíveis. Naquela época o termo historiê significava investigação. Logo, apresenta no livro “Historias”, as conclusões de suas investigações. Dessa forma, Heródoto é chamado de “Pai da História”.
Mesmo com o surgimento da história na Antiguidade e na Idade Média, prevaleceu o ponto de vista platônico-aristotélico de um mundo estático e não assegurava à historia status de ciência, assim considerada uma perspectiva menos de retórica e sem rigor.
A história também foi compreendida como um movimento cíclico, que Políbio tomou-a como embasamento para explicar a ascensão, a decadência e a restauração dos movimentos políticos.
Com as mudanças ocorridas no século XVII a história toma um novo rumo, alicerçada no Iluminismo do século XVIII. Época marcada pelas revoltas burguesas e a Revolução Industrial. Nesse cenário, a história passa a ser descrita linearmente, relatando os acontecimentos no tempo pelas relações de causa e efeito e os historiadores desenvolveram a noção de “progresso” analisando o “aperfeiçoamento da humanidade”.
Augusto Comte principia a corrente positivista, trabalhando a ideia de progresso de forma que o espírito humano passa por estados históricos consecutivos e distintos até atingir o “estado positivo”, caracterizado pela competência cientifica.
Inspirados nessa corrente, historiadores defendem que os fatos históricos devem ser realizados por meio de métodos científicos para que se admitam rigorosas críticas aos documentos. Hegel considera a história como proveniente da “contradição dialética” em que há uma tese (afirmação), uma antítese (negação da tese) e a síntese (superação entre e tese e a antítese).
Para Marx, a história deve ser averiguada pela sua infraestrutura (fatores matérias, técnicos, econômicos) e da luta das classes. O movimento histórico deve ser compreendido pela maneira em que os indivíduos geram os bens matérias que necessitam e, dessa forma depreender o conflito de interesses adversos na sociedade.
No plano da educação, Marx a analisa pelo prisma da classe dominante, o que justifica a exclusão das classes não privilegiadas. Dessa forma a história é constituída da compreensão realizada com embasamento nos interesses e valores das classes que ocupavam o poder. No final do século XIX, teorias que se opõem ao Positivismo surgiram e o processo de “progresso” sofre críticas. O acontecimento histórico passa a ser elaborado desde os pressupostos que encaminham sua seleção até a escolha do método.
Escola dos Anais, um movimento surgido em 1929, contava com a participação de variadas gerações de historiadores que buscavam uma ligação entre a história e as ciências sociais e psicológicas, aumentando o plano de investigação histórica e possibilitando um debate produtivo para reestruturar os estudos historiográficos. Essa tendência privilegiou temas antropológicos, como as formas antigas de vida e atos coletivos.
Eric Hobsbawm e Thompson renovaram o processo marxista, inserindo outras perspectivas culturais do cotidiano, que auxiliam a assimilação da construção da consciência de classe.
Com o pós-modernismo, métodos anteriores passam a ser criticados e atualmente esses debates continuam. Isso nos conduz a questionar como o historiador analisa os fatos e o motivo pelo qual na escolha desses fatos há suposições teóricas. Portanto, devemos nos atentar, defronte a um livro de história, para a pluralidade dos métodos, compreendendo-os como esforços para... Os meios da investigação rigorosa e levar em consideração a origem epistemológica que o historiador se baseia, para entendermos as fontes consultadas e analisarmos criticamente.
O fenômeno educacional se desenvolve com o tempo e faz parte da história, sendo tratado de forma cientifica. Assim, não deve ser considerado apenas como uma disciplina-História da educação. As crises da educação estão relacionadas com as crises do sistema social em um dado contexto histórico e ao estudar a educação e suas teorias não devemos entender essa simultaneidade como simplesmente questões paralelas. A educação está envolvida na política e sofre as consequências do poder.
O interesse exclusivo e sistemático dado a historia da educação começa no século XIX, sendo um trabalho recente e com as mesmas dificuldades metodológicas da história geral. A história da pedagogia era mais conhecida que as práticas educacionais. No Brasil, por não haver profissionais relevantes nessa área e serem recentes cursos específicos de educação até a pouco tempo, encontramos várias lacunas nesse campo, já que com o surgimento das escolas, a disciplina da história da educação não fazia parte do currículo e a preocupação estava concentrada nas disciplinas de cultura geral.
Segundo Casemiro dos Reis Filho, a história da educação brasileira poderá ser constituída a partir de realização de estudos aptos a aprofundar o conhecimento da realidade educacional. A história da educação passa a fazer parte do currículo dos cursos de magistério a partir de 1930. A disciplina esteve por muito tempo entrelaçada à filosofia da educação, não atribuindo-lhe status de ciência Mesmo com a implantação de faculdades da educação o tempo destinado a esta disciplina não era suficiente para que os alunos se ocupassem dela.
Com a ditadura militar, as escolas e os centros de pesquisa foram fechados. Contudo com a reforma universitária foram criados curso de pós-graduação que resultou na elaboração de teses, entre elas as educacionais. A criação de congressos nacionais e centros regionais possibilitaram a produção científica com o apoio do mercado editorial, preparado a publicar teses e pronunciamentos.

A história da educação têm duas funções: de docência, empregando-a como disciplina de um curso, e a de pesquisa, aplicando-a como atividade científica que busca inferir nas fontes, a fim de descobrir mais do nosso passado e presente. Essas funções devem influenciar a cultura educacional, atuando criticamente.

Autores:
Rafaela Angeloni
Rodrigo Bastos
Thaminne Coutinho

Referências Bibliográficas

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