segunda-feira, 7 de março de 2016

REFLEXÕES: Documentário - “Quando sinto que já sei”.


1 – Qual das iniciativas escolares exibidas no vídeo mais te chamou a atenção?

            Das iniciativas escolares apresentadas no vídeo “Quando sinto que já sei” a qual me chamou mais a atenção foi a presença de espaços livres para a aprendizagem. Essa atitude muda não só o cenário escolar, mas também a forma como as crianças passam a aprender, de maneiraespontânea e ilimitada. O interesse em descobrir, em pesquisar, em questionar, a interação com as outras crianças ou com o educador, a formação de sentimentos de respeito, solidariedade e afetividade auxiliam no desenvolvimento do aluno como um todo, promove a autonomia. Esse modelo de escola nos faz refletir como a prática educacional vem sendo abordada no Brasil, e se apresenta como uma alternativa inovadora na educação.

Segundo Rubem Alves, em “Gaiolas e Asas”, ele relata uma metáfora entre as diferentes escolas: “Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas. E segue a explicação do aforismo: Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controlo. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados têm sempre um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”Concluindo, percebemos que essas instituições “encorajam o voo de seus pássaros”, as crianças não são “pássaros engaiolados”, presos em salas de aula, e sim livres para descobrir a arte de voar.

2 – Enquanto educadora, você gostaria de trabalhar em uma escola inovadora como as do vídeo?

Enquanto educadora, eu adoraria trabalhar em uma escola como as apresentadas no vídeo “Quando sinto que já sei”. Considerando que o perfil dos educandos muda com o tempo, a prática educativa requer transformações, precisa ser repensada. Partindo dessa concepção, uma escola tradicional deixa de ter sentido quando se pensa na formação integral do aluno, na construção da sua autonomia, responsabilidade, solidariedade e pensamento crítico.
Uma instituição que valorize a criança como produtor de seu conhecimento, como protagonista de seu processo de aprendizagem é capaz de entende-la como outro ser humano. E é um ambiente como este que eu gostaria de atuar. Seria muito gratificante para um profissional formado na área educacional ter a possibilidade de vivenciar experiências como as mostradas no vídeo. Trocar aprendizagens, agir como um mediador, estimular a criatividade, perceber que o aluno tem prazer em aprender, que questionem a realidade, pesquisem, desenvolvam o senso crítico, que não se contentem em apenas assimilar o conteúdo, isso é muito satisfatório. Sinto que nem tudo está perdido, mas se temmuito a fazer. E nada se faz sozinho, mas sim em conjunto. Esse vídeo é capaz de sensibilizar, de fazer refletir sobre as ações pedagógicas.
           
3 – Já enquanto mãe ou pai de aluno (a), você gostaria que seu (sua) filho(a) estudasse em uma escola assim? Confiaria em suas práticas? Se sim, o que responderia quando lhe perguntassem: “E o vestibular???”.

No papel de mãe, eu gostaria que meu filho(a) estudasse em uma escola inovadora, e eu confiaria nas práticas pedagógicas da mesma. Quanto ao vestibular, eu não temeria, e usaria como argumento: meu filho matriculado em uma escola como esta, não deixará de aprender as regras gramaticais ou ortográficas, ou a tabuada, ou as operações básicas. O que muda é a forma como a aprendizagem é abordada, ela não ocorre desvinculada aos conteúdos, acontece de forma significativa para o aluno.
E essa aprendizagem para ser significativa e eficiente exige, de um lado, crianças questionadoras, inquietas, investigativas e produtoras de conhecimento e de outro, um profissional mediador, que não apenas transmita informações. Dessa forma, seria impossível uma aprendizagem que tenha significado para meu filho em uma escola tradicional, em uma instituição que só jogue os conteúdos para as crianças absorverem, onde elas reproduzem modelos prontos e acabados. O conhecimento não é pronto e nem acabado, ele é construído. Aí sim, ele tem sentido! Ele vai saber fazer não só o uso de uma fórmula, por exemplo, mas o motivo desse uso, ao contrário de ações mecanizadas. E a partir do exposto, creio que ele estará pronto para um vestibular

4 – Você conhece alguma escola, ONG ou entidade que oferece algum atendimento semelhante ao exibido. Se sim, relate. Se não, pesquise a respeito e relate também.

Eu não conheço nenhuma escola, ONG ou entidade que oferece atendimento semelhante ao vídeo.  Ao pesquisar, encontrei o projeto CIEJA -  Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos, Campo Limpo - SP. O CIEJA reformulou o currículo para fortalecer a autonomia dos estudantes. A instituição era um Centro de Educação Municipal de Ensino Supletivo (Ciemens), que pouco discutia o interesse dos alunos e da comunidade.
Quando Eda assume a gestão dessa instituição, resolve ouvir os educandos, até mesmo para entender as taxas de evasão. Percebe então, que era necessário realizar mudanças, a fim de aproximar a escola da comunidade. Com sua equipe, Eda reformulou o Projeto Político-Pedagógico, envolvendo os alunos, as famílias e os funcionários da instituição. Dessa forma, a estrutura curricular do CIEJA apresenta horários flexíveis e os alunos podem estudar tanto pela manhã quanto à noite. Optou-se também por modelos de aulas flexíveis, para atender alunos que trabalham. Esse modelo curricular visa integrar as disciplinas, tomando a aprendizagem mais eficiente. A interação com a comunidade permite que os alunos tragam para a escola as discussões e saberes dos moradores.
O CIEJA trabalha com quatro grandes áreas do conhecimento: Linguagens e Códigos (disciplinas de Português e Inglês), Ciências Humanas (disciplinas de História e Geografia), Ciências do Pensamento (disciplinas de Ciências e Filosofia) e Ensaios Lógicos e Artísticos (disciplinas de Matemática e Artes).
O espaço escolar se tornou um centro de referência para a comunidade, um lugar de lazer, de reflexão e até de resolução de problemas. Os educandos passaram a se sentir valorizados e as avaliações apresentaram resultados significativos. As famílias, por estarem envolvidas no ambiente escolar, têm a oportunidade de trabalhar com facilidadeno processo de aprendizagem de seus filhos,especialmente dos alunos com deficiência.

5 – Pense nas disciplinas do currículo escolar básico, em especial na disciplina de Língua Portuguesa, e na escola convencional que ainda vivenciamos. Nosso ideal é trabalhar interdisciplinarmente e também esse é nosso grande desafio. Apesar das dificuldades, algumas iniciativas, alguns projetos já são realizados em várias escolas. Conhece algum projeto assim, que envolve a comunidade escolar como um todo, ou pelo menos parte das disciplinas?

Eu não conheço nenhum projeto interdisciplinar que envolva a comunidade escolar ou parte das disciplinas. Ao pesquisar, encontrei uma matéria na revista Nova Escola, de um projeto que buscava alternativa para um problema que há alguns anos tomou conta do Brasil:  o “apagão”, que gerou o racionamento de energia. Esse projeto foi desenvolvido no Colégio Santa Maria (SP), envolvendo as disciplinas de Ciências, Matemática, Geografia, Língua Portuguesa, História e Ensino Religioso, as quais foram colocados a serviço da resolução de um problema real, de forma integrada. O projeto visava a construção de uma aquecedor solar, a fim de reduzir o consumo de energia elétrica.
Dessa forma,“a professora de Geografia trabalhou o clima brasileiro e conceitos de orientação utilizando a bússola, para que todos localizassem o norte, direção para onde a placa do aquecedor deveria estar voltada ao ser instalada sobre as casas; a de Matemática pediu uma pesquisa sobre o consumo de energia dos eletrodomésticos e explorou conceitos de proporção ao calcular com a garotada o tamanho das placas solares de acordo com o volume das caixas d'água; em História, foram resgatados os motivos econômicos que causaram a degradação do meio ambiente brasileiro; nas aulas de Ciências, os estudantes pesquisaram as fontes de energia no país e quais alternativas apresentam menos impacto ambiental; com a professora de Língua Portuguesa, eles bolaram questionários para entrevistar as famílias que receberiam o equipamento; o objetivo das aulas de Ensino Religioso foi orientar os estudantes no contato com a comunidade, para que eles compreendessem as razões das diferenças entre a realidade deles e a dos moradores de bairros carentes.”A orientadora do projeto ainda relata que foi ideia das crianças doarem os aquecedores para a população.

Autores:
Rafaela Angeloni.
Rodrigo Bastos.
Thaminne Coutinho.

Referências Bibliográficas

Vídeo: Quando sinto que já sei. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1Qg. Acesso em: 30 ago. 2014.
ALVES, Rubem. Gaiola e Asas. Disponível em:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0512200109.htm. Acesso em: 02 set. 2014.
Projeto Interdisciplinar Colégio Santa Maria. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/interdisciplinaridade-avanco-educacao-426153.shtml. Acesso em: 03 set. 2014.
Projeto CIEJA. Disponível em: http://educacaointegral.org.br/experiencias/cieja-campo-limpo-reformulou-o-curriculo-para-fortalecer-a-autonomia-dos-estudantes/. Acesso em: 03 set. 2014.



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