terça-feira, 8 de março de 2016

RESUMO: “Aprendizagem e Desenvolvimento na perspectiva Interacionista de Piaget, Vygotsky e Wallon”


O artigo em análise: “Aprendizagem e Desenvolvimento na perspectiva Interacionista de Piaget, Vygotsky e Wallon”, de Enedina Silva do Carmo e Noemi Boer, apresenta perspectiva teórica no campo educacional, visando o desenvolvimento e aprendizagem da criança à luz dos pressupostos defendidos por Piaget, Vygotsky e Wallon.

Esse trabalho objetiva expor as abordagens desses autores, analisando as semelhanças e diferenças e suas contribuições na área pedagógica, considerando o indivíduo de forma integral e suas ações no processo de construção do conhecimento.
            Segundo Piaget, o indivíduo estabelece relação de interação com o meio em que vive a partir do nascimento, promovendo seu desenvolvimento cognitivo. Esse desenvolvimento ocorre por meio de estágios, de forma sequencial, sendo que através de um progresso constrói-se uma estrutura seguinte mais complexa que a anterior. Esses estágios são divididos em: período sensório-motor (0-2 anos), em que a criança sente objetos para compreendê-los; período pré-operacional (2-7 anos), caracterizado pelo egocentrismo e pelo desenvolvimento da linguagem e atividades mentais simbólicas; período operatório (7-12 anos), onde a criança inicia a atividade escolar, começando a aderir o pensamento crítico, ainda com dificuldade de pensar independente de sua intuição.
            A inteligência é um processo de adaptação biológica. Essa adaptação engloba dois conceitos relevantes e necessários para sua realização: a assimilação e a acomodação, sendo que o primeiro se dá através do contato com o meio e com o objeto, extraindo informações e interpretando-as; o segundo é o processo de internalização, modificando a estrutura cognitiva. Dessa forma, a criança é capaz de adquirir uma posição que se adapte as exigências do meio, resultante de sua interação com o contexto social.
            Epistemologia genética é um campo de investigação criado por Piaget, que define uma teoria do conhecimento com foco no desenvolvimento natural da criança, considerando os estágios de desenvolvimento, do nascimento à adolescência.
            A abordagem piagetiana não possui característica pedagógica, mas contribui na prática de educadores.
            Segundo Vygotsky, o desenvolvimento do indivíduo é resultante de um processo sócio histórico, com ênfase na linguagem e na aprendizagem. O indivíduo adquire o conhecimento pela interação com o meio – corrente sócio interacionista, onde a aprendizagem possibilita o processo de desenvolvimento. Dessa forma, Vygotsky não aceitava as correntes de pensamento de sua época, a inatista e a empirista.
            Vygotsky procura compreender a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos assumindo uma posição de caráter genética. Essa abordagem genética é constituída de quatro níveis: a filogênese referente às características gerais da espécie; a ontogênese, referente à história do sujeito; a sociogênese, onde a cultura funciona como alargador do desenvolvimento; e a microgênese, referente a questões particulares do indivíduo em cada momento de sua vida.  A articulação desses níveis interage na construção de processos anteriores.
            Defende a ideia que a aprendizagem ocorre quando as informações são significativas e desafiadoras para o sujeito, atuando na zona de desenvolvimento proximal, que pode ser definida como a distância entre aquilo que uma pessoa pode fazer sozinha – nível de desenvolvimento real – e o que ela pode vir a fazer com a mediação de outro experiente – nível de desenvolvimento potencial. Ao aprender com o outro, é possível a construção do conhecimento, promove o desenvolvimento mental, passando de um ser biológico ao ser humano.
            Aprendizagem e desenvolvimento, na teoria sociointeracionista de Vygotsky, são processos interligados, o desenvolvimento só ocorre por meio da aprendizagem. Dessa forma o ambiente escolar é essencial para a construção do ser psicológico adulto. Para isso é fundamental que o professor conheça o nível de desenvolvimento da criança, para que a aprendizagem amplie o universo mental do aluno.
             A teoria de Wallon considera a psicologia genética e interacionistado desenvolvimento. A psicologia genética pode ser entendida como o estudo das origens dos processos psíquicos. Wallon estuda a criança contextualizada nas relações com o meio, levando em conta aspectos afetivos, motores e a inteligência no processo de desenvolvimento. Esse processo de desenvolvimento é dividido em cinco etapas, onde predominam alternadamente a afetividade e a cognição. São eles: o impulsivo-emocional (0-1 ano), caracterizado pela emoção na relação da criança com o meio; o sensório-motor (1-3 anos), desenvolvimento da função simbólica e da linguagem e exploração do mundo físico; o personalismo (3-5 anos), formação da personalidade, fase egocêntrica; o categorial (6-11 anos) consolidando-se a função simbólica e avanços no plano da inteligência; e a predominância funcional, marcada pela crise pubertária.
            Wallon defende a ideia de interação entre a psicologia e a pedagogia, onde uma pode auxiliar a outra, sendo que a pedagogia ofereceria campo de observação à psicologia e esta, por sua vez, ofereceria contribuições à prática pedagógica, com conhecimentos sobre o processo de desenvolvimento.
Esse teórico é conhecido como o educador integral, pois considera não só o corpo da criança no processo de aprendizagem, mas também suas emoções acreditam que a inteligência, o movimento, a afetividade e a formação do eu como pessoa são aspectos essenciais que se comunicam a todo tempo.
            A proposta de Wallon põe o desenvolvimento intelectual dentro de uma cultura mais humanizada.  Defende que formas diversificadas de se trabalhar com as atividades pedagógicas, não se limitando a conteúdos, e sim atingindo várias dimensões que compõem o meio, ajudando a criança a descobrir o eu no outro, relevante em seu desenvolvimento. A escola como um ambiente que possibilita uma vivência social diferente, desempenha papel importante na formação da personalidade da criança.
            Para o desenvolvimento completo da pessoa, a teoria de Wallon define um meio flexível, que permite a motricidade da criança, onde manifestam suas emoções. Materiais variados para atividades lúdicas e pedagógicas devem ser disponibilizados. Dessa forma condena salas rígidas e imóveis, que restringe o aluno a expressar-se e pensar.
            Ao analisar as teorias expostas, é possível fazer um levantamento, apresentando as semelhanças e diferenças nas abordagens dos autores. Quanto às semelhanças, os três teóricos enfatizam a relação do sujeito com o meio no processo de aprendizagem e desenvolvimento; Piaget e Wallon acreditam que o desenvolvimento se dá por meio de etapas, desde o nascimento à adolescência; Vygotsky e Wallon consideram o desenvolvimento humano por meio de sua interação com o ambiente; para Vygotsky e Piaget, as brincadeiras são essenciais no desenvolvimento: o “faz-de-conta” de Vygotsky corresponde ao jogo simbólico de Piaget.
Quanto às diferenças, é possível apontar que, para Piaget, quando mais a criança se desenvolve mais ela aprende e a aprendizagem é um processo dirigido pelo aluno; já Vygotsky declara que quanto mais a criança aprende mais ela se desenvolve e a aprendizagem é mediada pelo professor. Outra diferença está em Wallon, onde sua teoria é voltada para a psicogênese da pessoa completa e Piaget para a psicogênese da inteligência; Vygotsky define sua teoria como sócio-cultural, com ênfase na linguagem; já Wallon define como sócio-afetiva, destacando a emoção.
Diante do exposto, é fundamental considerar a importância dos estudos desses teóricos na formação docente, pois suas abordagens contribuem de forma efetiva na prática educativa, permitindo ao professor conhecer o aluno e sua realidade, entender a criança e agir em cada fase da mesma, como o educando é capaz de construir seus conhecimentos, planejando assim, métodos e estratégias que condizem de forma significativa durante a aula. É preciso considerar a relação da criança com o meio como uma ferramenta que permite a aquisição do conhecimento, e essa aquisição é um processo de construção contínuo do ser humano.
A análise das teorias permite compreender a postura do professor na sala, já que o educador desempenha papel importante no processo do aprendizado. Entender o aluno como um copo vazio ou que nasce com características pré-determinadas é um equívoco, e os autores em estudo contrariam esses pressupostos. Dessa forma, é necessário refletir sobre a ação docente, entendendo a aluno de forma integral, considerando suas emoções, como defende Wallon, e mediando o processo de ensino-aprendizagem, propondo situações desafiadoras para os alunos, como afirma Vygotsky, com a finalidade de promover o desenvolvimento e a aprendizagem de forma significativa.

Autora
Rafaela Angeloni

Referência Bibliográfica

CARMO, E. S., BOER, N.Aprendizagem e Desenvolvimento na perspectiva Interacionista de Piaget, Vygotsky e Wallon. Disponível em:< http://jne.unifra.br/artigos/4742.pdf > Acesso em 19 de outubro de 2014.

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