terça-feira, 1 de março de 2016

RESENHA: O Mito.


O que é o Mito
O mito não é lenda ou pura fantasia, é verdade. No entanto, a verdade do mito origina de uma intuição compreensiva de realidade, onde as raízes se afundam na afetividade e emoção. O mito ainda expressa o que queremos e tememos, o modo como somos atraídos para as coisas e o modo como nos afastamos. Outra maneira para melhor caracterizar o mito é o mistério, pois ele sempre é um enigma a ser decifrado e como tal representa nosso espanto diante do mundo.
Contudo, o mito não se reduz a simples mentira, ele faz parte da vida humana desde sua origem e persiste até hoje no nosso cotidiano como uma das experiências possíveis do existir humano, expressas por meio de nossas crenças, nossos temores e os desejos que nos mobiliza.
Atualmente os mitos não ocorrem com a mesma força com que impuseram nas sociedades tribais, porque o exercício da crítica racional permite legitimar ou rejeitar quando nos desumanizam.

As Funções do Mito
O mito pode ser explicado, por alguns teóricos, pelas funções que desempenha no cotidiano da tribo, tendo como finalidade assegurar a tradição e a sobrevivência do grupo. A origem da agricultura – Segundo o mito indígena tupi, o alimento básico da tribo, a mandioca, nasce do túmulo de uma criança chamada Mandi; no mito grego, Perséfone é levada por Hades para seu castelo tenebroso, mas, a pedido da mãe, Deméter, retorna em certos períodos: esse mito simboliza o trigo enterrado como semente e renascendo como planta.
A fertilidade das mulheres – Para os Aruntas, os espíritos dos mortos esperam a hora de renascer e penetram no ventre das mulheres quando elas passam por certos lugares. O Caráter mágico das danças e desenho – Quando os homens pré-históricos faziam pinturas nas paredes das cavernas, representando  a captura das renas talvez não pretendesse enfeitá-las nem apenas mostrar suas habilidades pictóricas, mas agir magicamente, para garantir de antemão o sucesso das caçadas; essa suposição se deve ao fato de que geralmente os desenhos eram feitos nas partes mais escuras da caverna.

O Mito como Estrutura
O estruturalismo fez do francês Claude Lévi-Strauss o seu mais célebre representante.  A corrente estruturalista trata de procurar a estrutura básica que explica os mais diversos mitos, conduta que prioriza mais o sistema do que os elementos que o compõe. Um fato isolado, ou seja, um mito isolado não possui significado em si.
Lévi-Strauss busca os elementos invariantes, que persistem em diferenças superficiais, já que outros teóricos entendiam os mitos pelas suas funções e se apoiavam em elementos particulares, no contexto histórico de um povo ou na subjetividade.
Segundo Lévi-Strauss, o mito não é um lugar de fantasia, mas pode ser compreendido a partir de uma estrutura lógico-formal, pelo lugar que cada elemento ocupa em determinada estrutura. Assim ele explica: “não pretendemos mostrar como os homens pensam nos mitos, mas como os mitos [através das estruturas] se pensam nos homens, e à sua revelia.” O Cru e o Cozido. SP. Cosac &Naify, 2004. p. 31.

O Mito nas Civilizações Antigas
As primeiras grandes civilizações, como Mesopotâmia, Egito, Índia, China e Israel se diferenciaram das tribais por desenvolverem novas técnicas, progresso agrícola, pastoreio e comércio, instauração da hierarquia na seção social e escravidão. As duas primeiras são as mais antigas e teriam surgido por volta do final do 4º milênio a.C. Sabe-se que essas datas são aproximativas, então dependem de interpretações históricas muitas vezes divergentes entre si. Nestas civilizações antigas, o mito era componente importante da cultura.
Os deuses gregos habitavam o topo do Monte Olímpio, comandavam o trabalho, as relações sociais e políticas dos seres humanos. Eram imortais, mas possuíam características de seres humanos. Muitas vezes, apaixonavam-se por mortais e acabavam tendo filhos com estes. Desta união surgiram os heróis.

Hércules
Hércules é o nome romano do semideus grego Heracles. Filho de Zeus e de Alcmena, mortal e esposa de Anfitrião. Este, furioso com a traição, decide matar Alcmena, queimando-a viva. Zeus manda nuvens de chuva e impede a morte de Alcmena. Assim, nasce Hércules.
          Hera, esposa de Zeus, manda duas serpentes ao berço de Hércules com a finalidade de matá-lo, sabendo da traição. Por sua vez, Hércules as destrói com as próprias mãos.
Por assassinar sua esposa e seus filhos, Hércules é punido e deve realizar doze trabalhos. Com êxito na prática dessas atividades, atinge a imortalidade. Assim é transportado ao Olímpio e se casa com a Hebe, a deusa da juventude.

Poetas Gregos:

1.  Homero
A origem dos mitos gregos se dápor tradição oral, por não existir a escrita. Eram recitados em praça púbica por poetas, conhecidos como aedos e rapsodos.
 Para Homero, cuja existência é duvidosa por não se saber a época exata em que viveu ou se realmente viveu, é atribuía autoria de duas obras épicas, Ilíada e Odisséia em que, a primeira tem como enredo a Guerra de Tróia e a segunda o retorno de Ulisses a sua terra natal.
          As epopéias representavam importância significativa na vida dos gregos por desempenhar um papel pedagógico, descrevendo a história desse povo e transmitindo traços e valores culturais, por meio de narrações dos grandes feitos dos deuses e antepassados. Os deuses, nas epopéias, interferiam nas ações dos heróis, para protegê-lo ou para prejudicar os inimigos, tornando-os assim dependentes do destino e dos deuses já que estes atribuíram aos heróis virtudes, não agindo de forma autônoma.
          Virtude para os gregos significava excelência e superioridade, objetivo do herói guerreiro.

2. Hesíodo
O mais antigo poeta grego, que viveu por volta do final do séculoVIII e começo do século VII a.C.
Hesíodo procurou em suas obras superar o tom impessoal das epopéias, construindo características novas da época que se inicia – Arcaica. Da mesma forma, sua obra reflete a influência dos mitos.
          Na obra Teagonia, a narrativa se desenvolve em torno de temas como a origem dos deuses e do mundo e a ascensão de Zeus ao poder. As forças que surgem da natureza dão origem aos deuses. Do caos origina-se o Cosmo.
           Em “O Escudo de Hércules”, obra marcada por um tom heróico, é considerada autoria de Hesíodo apenas um trecho. Como Homero, há estudiosos que negam sua existência, fazendo atribuições dessas obras a um ciclo de poetas.

O Mito Hoje
Augusto Comte, fundador do positivismo que explica a evolução da humanidade, define a maturidade do espírito humano pela superação de todas as formas míticas e religiosas. Assim, opõe radicalmente mito e razão, ao mesmo tempo em que inferioriza o mito como tentativa fracassada de explicação da realidade.
O mito hoje existe por meio de crenças, temores e desejos, mas não tem tanto poder quanto antigamente, já que o pensamento crítico racional do indivíduo é capaz de encontrar explicações mais lógicas para os acontecimentos.
Ao criticar o mito para se valorizar a ciência como a única forma de sabedoria, cria- se o “mito do cientificismo”, o que reduz a teoria do positivismo, já que a existem outras formas de interpretar o real, como a filosofia, o senso comum, a religião e a arte, todas enraizadas em mitos.
          Para compreensão do ser, o mito é o ponto de partida, a manifestação essencial do viver humano. Percebemos que o mito ainda permanece em histórias em quadrinhos, onde há luta entre o bem e o mal (Maniqueísmo), sendo o primeiro representado por um herói e o segundo um bandido ou outro ser do mal; em contos de fadas, torna a tomar os mitos universais contra as forças maléficas; na política, as correntes de pensamento supõem cenários míticos, movendo em direção a valores que em seguida, são explicados pela razão; as comemorações de casamento, aniversário, ano novo nos remetem aos rituais.

Autores:
Rafaela Angeloni
Rodrigo Bastos
Thaminne Coutinho

Referencias Bibliográficas

O Cru e o Cozido. SP. Cosac &Naify, 2004. p. 31.

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